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Amar no feminino

  • Foto do escritor: des-iguais
    des-iguais
  • 15 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura


Na minha atividade docente, na área da comunicação, tive a oportunidade de debater, ao longo destes 23 anos de profissão, o discurso publicitário das marcas.

Invariavelmente pejado de estereótipos, estes têm vindo a transformar-se, naturalmente, na justa medida em que a própria sociedade evolui.

Assim, se no princípio falava aos alunos sobre o a masculinidade e a feminilidade, enraizados de forma muitas vezes subtil e implícita nos anúncios, hoje em dia há uma apropriação de novas tendências, sendo uma delas a questão incontornável do empower feminino.

Pela minha parte, acho notável tal acontecer, já que perduram ainda muitos valores machistas na sociedade atual. De facto, assumo-me como uma profunda admiradora do dito “sexo frágil”, talvez por ter sido educada numa família predominantemente de mulheres, cujas figuras principais eram uma avó doce e muitas tias mães que me foram moldando o carácter e ensinando o sentido do Amor e das coisas essenciais da vida.

Porém, não partilho a ideia de uma igualdade de género no sentido mais constitutivo da expressão, por considerar que encerra em si mesmo uma mentira desde a sua raiz. Não somos realmente iguais e as diferenças que nos separam são precisamente as que nos juntam. Penso antes que as desigualdades que ainda subsistem são também muitas vezes justificadas, na educação machista assumida por muitas mães e perpetrada por muitas mulheres no seu discurso desonesto entre elas próprias, enaltecendo os “defeitos” do género, ao invés das suas qualidades.

Não me revejo de todo nesta atitude, aliás, orgulho-me de todas as mulheres que, de diferentes formas, fizeram e continuam a fazer história na luta pelos seus direitos, tendo que muitas vezes provar, o que não era suposto ser provado, aos outros e a elas próprias.

Quando penso que vivemos numa sociedade em que cresce um positivismo tóxico que nos faz crer na possibilidade fácil de ultrapassar sofrimentos por meio de fórmulas quase mágicas, como se a dor não fosse algo a integrar, percebo a Mulher que condenada a ter dor pela sua condição biológica no ato de dar à luz, o integra mais facilmente e percebe desde essa mesma condição que ele faz parte da vida que se renova e se repete, não sem dor, não sem sofrimento. Também é desde aí que forçosamente desenvolve um amor que, saído dela, a torna mais altruísta e tão ou mais capacitada para fazer deste mundo um lugar melhor.

Cláudia Pacheco


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